O emprego de práticas de produção sustentáveis como o Sistema de Plantio Direto vêm sendo debatido como garantia de sustentabilidade e segurança alimentar. Mas esse sistema ainda é pouco empregado pelos produtores do estado.
O Plantio Direto foi introduzido no Brasil há mais de 50 anos, como um exemplo de boas práticas na agricultura. Porém, a técnica evoluiu para o Sistema de Plantio Direto, que abrange uma amplitude maior, pelo fato de envolver outros princípios.
O presidente da Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto, Jônadan Ma explica:
“O Sistema do Plantio Direto, ele preconiza rotação de culturas diferenciadas dentro do mesmo ciclo de produção. O segundo preceito fundamental do princípio do Sistema de Plantio Direto é uma cobertura permanente do solo, o solo está sempre coberto, seja com plantas vivas e verdes, ou, pelo menos com palhada, que é o resto de cultura. E o terceiro é o mínimo revolvimento do solo, isto é, que o revolvimento do solo esteja localizado apenas no sulco do plantio da semeadeira ou plantadeira, evitar ao máximo o uso de grades, arados, escarificadores e subsoladores”.
Tudo isso contribui para a conservação do solo e garante que a propriedade produza mais, com menor custo. Segundo Jônadan Ma, além de todos os benefícios já citados, o Sistema de Plantio Direto é um importante mecanismo para que haja um balanço na emissão e sequestro de carbono.
“Ele vai promover uma melhoria da biologia do solo, sequestrar carbono, então vamos ter um trabalho muito grande no balanço de carbono e assim será reduzida a emissão de gás carbônico (CO2). É o sistema que vai permitir realmente a parte da palhada e as raízes possam melhorar não só a dinâmica não só de matéria orgânica, mas também a dinâmica do carbono no solo. Outro benefício é o equilíbrio do sistema como um todo, permitindo que o sistema de produção tenha um equilíbrio e uma condição equivalente praticamente ao bioma natural o qual a área produtiva está inserida”.
Apesar de o Plantio Direto ser amplamente utilizado em Mato Grosso, por cerca de 90% dos produtores, o Sistema de Plantio Direto em si, ainda é praticado por um percentual pequeno no estado, em cerca de 15% das propriedades.
Por isso, desde a sua criação, em 2002, a Associação Clube Amigos da Terra (CAT) defende o uso do Sistema de Plantio Direto junto aos produtores associados, sediando encontros e seminários para debater e trazer novidades sobre o tema, conforme lembra o engenheiro agrônomo e diretor técnico do CAT, Alfeo Trecenti.
“Estamos desde 2002, e 2003 com o Sétimo Encontro que a gente trouxe sobre o Plantio Direto. Todo ano a gente faz atividades e estamos a cada ano evoluindo nessas ferramentas de redução de custos, melhoria de ambientes para as plantas, melhoria de todo sistema, conservação do solo, aumentando o índice de colheita e produtividade pela área. É você equalizar mais o custo, tanto de recurso econômico, quanto de ganho para a natureza, é você proteger o ambiente”.
A fazenda Santa Maria da Amazônia, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, produz soja, milho e algodão. O produtor Darcy Ferrarin, conta que no início praticava o plantio convencional, mas mudou sua visão e passou a adotar o Sistema de Plantio Direto e percebeu mudanças positivas na propriedade.
“A área de abertura normalmente é feita com grade, arado, subsolador e tal. E logo eu percebi que isso aí estava ocasionando um estrago muito grande, porque solo mexido, gradeado, com os ‘pancadões’ de chuvas que caem aqui em Mato Grosso, ocasiona grandes erosões na lavoura, com isso também assoreando os rios, principalmente as cabeceiras d’água. Fiquei muito preocupado e logo partimos para o Sistema do Plantio Direto. E a gente começou então a abandonar a grade, arado. Remoção de solo, zero, partindo para cobertura de solo e isso tem dado um resultado extraordinário, porque acabou a erosão, o calcário que ‘nós põe’ na terra, fica na terra. O adubo que a gente põe na terra, não vai embora também. Uma coisa impressionante é a mudança, tanto na conservação de solo, como no aumento de produtividade”.